quarta-feira, 10 de agosto de 2011

BAIRRO BAGUARI

Entre Conchas e Piracicaba,
Às margens do rio Tietê,
Onde a tristeza acaba,
Nasce a alegria de viver.
              
Na Sesmaria dos Bonilha
As mãos calejadas dos imigrantes,
Nas suas matas abriram trilhas,
Surgindo um bairro aconchegante.
   
Nos primeiros algodoais
Sobre areia preta e vermelha,
A marca dos nossos ancestrais
Do branco, o progresso espelha.
Lá se iniciaram na vida e no trabalho,
Os Fescina, Anselmo, Alfredo, Lourenço e Guarino,
Dormindo tarde e enxugando orvalho,
Comendo polenta, laranja, quiabo e pepino.

Da labuta árdua e constante
Os primeiros cafezais,
As parreiras florescem no estirante
E brotam imensos laranjais.

A primeira guerra mundial
O café perdendo valor
Amainou o ânimo e a moral
Daquele povo lutador.

A São Roque se apelou,
Pra socorrer o bairro sofredor,
De joelhos, na fé, se juntou
E a Capela se ergueu ao Protetor.

Recuperado o ânimo perdido,
Aos poucos o bairro se levanta,
Entre lavoura e pecuária dividido
Com coragem a tristeza espanta.

De muita gente não falei,
Um dia ainda vou falar,
Do Zico Moreira me lembrei,
É nele que vou me inspirar.

Hoje o bairro só é sombra
Daquilo que um dia foi,
Das festas com cururu de arromba
Dos leilões de frango, leitoa e boi.
Dos carroções de algodão,
Das noitadas do Divino
Dos bailes no terreirão
Às roupas de corte fino
Lembranças que me atormentam,
Longe, perto ... aqui.
Lembranças que me acalentam
Do meu querido Baguari.


                                                                                Luiz Antonio Fescina
                                                                                 Conchas – 10/08/2011




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