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Para a realização do Simpósio Regional de Preservação de Patrimônio, a metodologia do trabalho incluiu o convite às escolas no intuito de desenvolvimento de pesquisas e orientação aos alunos para apresentação de trabalhos baseados no registro da memória de nossa cidade e região.
Os trabalhos seguiram temas variados com apresentações distintas de cada escola.
A Escola Reineiro Donato Pastina apresentou a pesquisa do grupo de trabalho da 7ª série, desenvolvido pela Prof. Juliana Godói na área de Artes, montando uma exposição no Hall da Câmara. Os alunos foram orientados na pesquisa ao http://conchas-acidaderevelada.blogspot.com/ de Reinaldo Elias, que continua seu trabalho de popularização e incentivo à preservação da memória com a criadora do site http://www.conchasmemorias.com.br/site/registros_historicos.htm, Antonia Rodrigues Moraes de Oliva Maia, a Toninha ou Toty Maia, filha do Prefeito Marquinhos, iniciado no Orkut e hoje, no facebook, com o Seu Nelsom Malheiro.
Trabalhar a questão da Memória sem passar pelo trabalho da Toninha, do Reinaldo, do Prof. Wilsom Diniz, na compilação do registro iconográfico da cidade, pelo levantamento histórico de um Nelsom Malheiro e Daniel Crepaldi seria pular um pedaço da História. Eles representam o resgate da memória nos dias atuais, assim como, em outros tempos, o empenho de um Paschoal Baroni no levantamento do nosso registro museológico, hoje resguardado pelo Colégio Lúdico, marcou uma época de compilação dos objetos e fotos reveladoras de nossa história, bem como as matérias escritas pelo Dr. Paulo Fraletti, da cidade de Pereiras o qual foi o responsável e desencadeou o imenso acervo na pesquisa histórica da região.
A 1ª Exposição de Fotos: Conchas, Ontem, Hoje e Sempre enriqueceu o trabalho com fotos tiradas pelos cidadãos registrando o acervo da memória conchense e belíssimas fotos tiradas dos mais variados pontos de nossa cidade.
Quem sabe conseguiremos permissão para mostrar neste espaço as fotos atuais, com ângulos e imagens inusitadas.
O Colégio Lúdico montou um grupo de trabalho na 7ª Série e recebeu orientação do antropólogo Luís Nunes na visita e registro dos métodos construtivos da residência cabocla, variando em casas de taipa de mão, ou "pau à pique", madeira e alvenaria, que mostraremos a seguir.
Trabalho de pesquisa dos alunos da 7ª Série do Colégio Lúdico
Sonhos
Hudson Hübner França
Calei meu silêncio
para ouvir melhor os meus sonhos.
Não os de agora
— escassos, desbotados, de pouca alegria —,
Mas
aqueles que um dia
apontaram rumos,
sustentaram esperanças
e trouxeram poesia
aos caminhos que eu seguia.
Caipira picando fumo - 1893
óleo sobre tela - 70 x 50 cm
Pinacoteca do Estado de São Paulo
acesso 26/10/2011
Utilização da Terra nas Construções
Oficina Cultural J M
comentários: Virgínia Martins de Souza Caram
Os métodos de construção utilizados pelos primeiros povoadores variavam de acordo com o que a terra propiciava e também às posses.
No litoral, o conhecimento trazido pelos primeiros portugueses privilegiou a utilização da cantaria, ou construção à base de pedras seguindo métodos de mestres de construção trazidos para a edificação de fortes para a proteção contra os invasores e engenhos, também de construtores trazidos pelos jesuítas para construção de igrejas e mosteiros.
A escassês desse material no planalto e interior paulista, propiciou a utilização da taipa de pilão que consistia na utilização da terrra, misturada com aglutinantes disposta em formas para elevação das paredes. Essa técnica necessita de paredes mais grossas, variando entre a expessura de 0.60 e 0,40 m, podendo chegar até a 1,00m, em construções de maior tamanho como igrejas, etc. A utilização da terra foi muito difundida no interior paulista variando em diversas técnicas de acordo com o conhecimento e posses dos pioneiros, nas primeiras povoações.
clique duas vezes na imagem para obter visualização do filme em tela inteira
"Filme editado através de fotos tiradas de um casarão do século XVIII existente no município de Pedra Bela, São Paulo. Trata-se de residência erguida durante o ciclo do café, muito provavelmente como casa sede de uma fazenda, empregando em sua construção mão-de-obra escrava. Paredes externas em taipa de pilão, internas em taipa dita "de mão", telhas de barro coloniais moldadas manualmente sobre as coxas dos artesãos, pregos de ferro fundido e modelado. Telhado apresenta eira e beira, símbolo de riqueza e ostentação nas construções da época". acesso 30/10/2011
Em alguns lugares foi utilizado também o adobe ou blocos de barro secados ao sol, mas difundiu-se mais em Minas Gerais sendo facilmente encontradas ainda hoje nas cidades mineiras e hoje utilizadas de forma a enriquecer as referências turísticas em detalhes de paredes nas lojinhas e restaurantes como referencial da terra.
A taipa de mão ou pau a pique foi a mais utilizada pelos caboclos, e consistia na montagem de uma estrutura inicial de troncos de árvores fechada com uma trama de galhos mais finos ou bambu, amarrados com imbira, uma espécie de cipó e preenchida com a pasta de barro misturada com esterco, palha de arroz e sangue de boi, como aglutinante. Era aplicada por duas pessoas, uma de cada lado da trama jogando a massa com as mãos ao mesmo tempo. As construções foram bastante depreciadas nas últimas décadas, demarcando a necessidade de acabar com a técnica, devido à campanha contra o Barbeiro que se proliferava nas frestas das paredes de pau à pique caracterizando um alto índice de mortalidade causado pela Doença de Chagas.
Isso aumentou o conceito do pau a pique como símbolo de pobreza, falta de conhecimento, saneamento e doenças. Porém, métodos mais apurados existiram em famílias com mais acesso ao conhecimento das técnicas.
Dona Benedita de Oliveira, esposa do Sr. João de Oliveira, pais da Prof. Célia, e da Neide do João Jorge Mir, contou várias vezes sobre a técnica aprendida com seus pais que consistia na confecção da pasta ao lado do local escolhido para a construção, que geralmente era próximo a um olho d'água ou rio cavando a terra para a mistura. Depois de prontas e preenchidas as paredes, elas eram rebocadas com pasta feita da areia de rio, que branquinha, oferecia um acamento de parede caiada. A pasta era meticulosamente aplicada com as mãos e sempre procedia-se a manutenção quando esta escasseava com o passar do tempo e das chuvas.
Esse procedimento foi o utilizado em fazendas como a de Santo Antonio, da Família Lulia, na região de Laranjal Paulista, uma belíssima fazenda do café ainda existente com casas de colonos e senzala.
Do resgate das técnicas de construção de terra e pesquisas que reduzam o gasto com as obras para comunidades carentes, surgiu o ABC Terra, uma instituição que se utiliza de novas tecnologias agregadas a técnicas antigas trazendo a criatividade da arquitetura para novos tempos sem a perda da referência das tradições construtivas. Há alguns anos tive a oportunidade de ler em uma revista, possivelmente a Arquitetura e Construção, um artigo sobre uma casa recém construída na área rural de Conchas ultilizando a técnica da taipa, e pelas fotos uma construção muito bonita, porém, nunca soube das referências de quem era. Em outra ocasião, durante uma Bienal de Arquitetura em São Paulo, tive a oportunidade de visitar um stand com construções apresentando o trabalho do ABC Terra e num painel de fotos, lá estava novamente, entre os exemplos de construções novas, a casa na área rural da cidade de Conchas. acesse o http://www.abcterra.com.br/index2.htm
O Museu de Arte Sacra de São Paulo ocupa parte da construção conhecida como Convento da Luz (denominação oficial Mosteiro de Nossa Senhora da Luz), andar térreo, desde 29 de junho de 1970. A Igreja Católica cedeu parte do convento para o Governo do Estado instalar o Museu. Nele está exposto uma série de peças e Obras de Arte de cunho religioso, como pinturas, esculturas, objetos religiosos, entalhes etc.
Merece destaque a maneira como foi construído o prédio, pois as paredes externas e algumas internas são construídas na técnica taipa de pilão e as paredes divisórias internas são feitas com a técnica pau a pique. Seu construtor e fundador foi Frei Antônio de Santana Galvão, no século XVIII.
No local além do Museu funciona o convento, no piso superior, onde Freiras moram. Nos fundos uma parte do andar térreo é isolado pois é utilizado por elas, além do espaço da Capela e do terreno que fica nos fundos.
Estão expostas obras de diversos artistas brasileiros e portugueses, como Aleijadinho e Frei Agostinho da Piedade, por exemplo.
Oficina de Construção alternativa
acesso 31/10/2011
Registros de acervos exemplificando mais construções da região.
Oficina Cultural JM
Registro iconográfico da Família de Cantidiano Alves Lima saudando a colheita do café. Fazenda do Barão José Alves de Almeida Lima, em Maristela, fundador de Maristela.
Meados de 1900. Embora não esteja demarcada, ao centro, mãe de Cantidianno, Dona Felicíssima Pinto de Assunção, irmãs, parentes, agregados e funcionários da fazenda.
acervo Virgínia Martins de S. Caram
Háh! Se as casinhas de madeira continuassem assim! Quantas casas deliciosas para funcionar um restaurante gostoso com comida feitinha no fogão à lenha! Ainda mostro umas fotos de um restaurante construído na área rural de Pindamonhangaba!
pesquisa Reinaldo Elias - acervo Rita Luvisoto
Residência do Gerente das Indústrias Votorantim em Cerqueira César
pesquisa Reinaldo Elias - acervo Graça Scalise
Fazenda Caram, com Dona Jamila Jacob Caram ao centro, década de 1950.
pesquisa Reinaldo Elias - acervo Carima Caram
Os balaústres são os mesmos da construção da casa de Dão e Fiica Caram, na Rua São Paulo. O Piso em ladrilho hidráulico em perfeitas condições. Se as pessoas soubessem o quanto valorizam o seu patrimônio jamais trocariam pela cerâmica quebradiça de hoje em dia e sim tratariam de conservá-lo.
Vó Jamila casou-se aos desoito anos com Miguel Caram e veio do Líbano para morar no Brasil, nunca mais viu sua mãe. Costumava cantar para os netinhos batendo palmas para eles dançarem: sma la lá! smá la! sma la lá! smá la!
Casa em madeira do Sítio Sônia que pertenceu ao Dr.Virgílio Martins de Souza, construído pelos avós de Dona Elza Zacharias, há mais de cem anos, nos Sebastiães. As portas internas eram providas de bandeiras trabalhadas e recortadas. O estilo chalé de madeira que vemos em nossa área rural são reminiscências de construções da Ilha da Madeira.
Hah que saudades dos pousos do Divino que presenciei quando criança, doeu no coração quando teve que ser desmontada devido às palafitas de madeira que não resistiram ao tempo e à umidade abrindo caminho á modernidade.
acervo Virgínia Martins de S. Caram
Almeida Júnior - Cozinha Caipira - 1895Óleo sobre telaPinacoteca do Estado de São Paulohttp://pt.wikipedia.org/
Iniciamos os registros fotográficos das casas de fazenda do ciclo do café e algodão e aos poucos colocaremos as fotos das casas de fazenda da região toda como as de Laranjal Paulista, Pereiras, e demais cidades de nossa região construídas em Taipa de Pilão, também fotos da Fazenda do Lageado.
A seguir fotos tiradas com o consentimento de Edvaldo Luis Francisco, da fazenda que pertenceu ao Agenor Leite, que muito nos orgulha como representante desse patrimônio em nossa cidade. Nossos agradecimentos ao Edvaldo.
A caixa dágua é construção posterior pois o que valia mesmo era a existência de um bom poço nas proximidades.
As pinturas murais existentes nas casas construídas na fase econômica do café, da metade do séc. XIX ao início do XX evidenciam os registros dos hábitos, valores e símbolos representativos de uma época. Estes sofreram consideravelmente com o passar do tempo em decorrência do desconhecimento do seu valor como patrimônio histórico e mudanças dos conceitos em adequação à moda e valores da vida moderna. Aqueles que sobreviveram às camadas de tinta sobrepostas, hoje são registros da fase áurea de nossa história contando quais os elementos da riqueza e prosperidade adquiridas em cada propriedade. Assim surgem as representações em figuras de gado e plantações diversas.
A arte do Tromp L'oeil, vastamente usada pelos artistas desde o renascimento adquiriu grande importância na França durante o Império de Napoleão após a descoberta das ruínas de Pompéia, esta pretendia imitar a natureza ou elementos da arquitetura representados em pinturas murais. É dessa forma que surgem os barrados imitando um painel almofadado em madeira dessa parede. Links para pesquisa: Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material Regina Tirelo O caso da destruição das pinturas murais da sede da Fazenda Rialto, Bananalhttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-47142005000200010&script=sci_arttextAnais do Museu Paulista: História e Cultura Material Rafael de Bivar MarqueseO Vale do Paraíba cafeeiro e o regime visual da segunda escravidão: o caso da fazenda Resgatehttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-47142010000100004&script=sci_arttext
A cozinha é o coração da casa. É onde a família se senta para a refeição, se reune para botar a prosa em dia e onde as crianças se aquentam ouvindo os causos da vó em volta do fogão.
A área conjugada à cozinha, antigamente utilizada como despensa, hoje interliga a cozinha com a ala dos banheiros, que de início não existia. As casas construídas antes do saneamento básico, acontecimento de fins da década de 1940, eram providas de retrete com fossa negra, que era cavada há vários metros da casa principal. À noite o pinico tinha uma grande importância e ocupava o espaço sob as camas e criados mudos. Nessa época, geralmente as casas eram providas de um quarto de banho, próximo à cozinha, com uma grande bacia. A proximidade devia-se ao fato de poder esquentar a água para o banho no fogão à lenha e carregá-la até o quarto de banho. Quando as casas foram se modernizando algumas adaptaram serpentinas que passavam pelo fogão de lenha aquecendo a água e transportando-a por canos ao banheiro.
Embora a técnica tenha sido trazida da Europa pelos barões do café, esta foi difundida pelo interior na busca em acompanhar o conceito de belesa da época e seguido de forma mais singela na nossa região, porém não menos importante para nossa história.
O mastro do Divino é o registro da passagem da Irmandade e do Pouso do Divino na propriedade. Em algumas residências, depois de colocado, não é mais retirado até que o tempo se encarregue de fazê-lo. Portanto, é natural, em alguns lugares vermos vários mastros colocados um ao lado do outro. (Luis Nunes)
História do Cururu
No tempo de antigamente, quanto que o povo sofria
Uma pessoa ficava doente, doutor nem existia
Quando cobra picava a gente, o que todos fazia
Ficava no desespero, procurava um curandeiro
que curava com simpatia.
E naqueles anos passado, e era demais que chovia
Dava muita enchente, quanto que as água subia
O Tietê enchia tanto, as mata todas cobria
Por motivos das enchente, o povo ficava doente,
com uma forte epidemia.
Era febre maleita, todos que pegava morria
Fizeram uma promessa, com fé todos pedia
Pro Divino Espírito Santo, outro meio não havia
Se a graça recebesse, a doença desaparecesse,
o que eles prometia.
Pelo menos uma vez por ano, por uns vinte dia
Pedindo de casa em casa, o povo dava o que queria,
Também eles pedia almoço, algumas hora eles fazia
No lugar que eles almoçasse e no lugar que eles jantasse,
a noite eles permanecia.
Tinha que amanhecer acordado, aquela noite ninguém dormia
Eles ficava conversando e o povo ali reunia
Prá noite passá mais depressa, veja o que eles fazia
Todos davam risada, contavam história,
até clareá o dia. Contavam piada e até sua poesia.
Começaram fazê versinho, era de sua autoria
Em seguida um adversário, o seu verso respondia
Deram o nome de Cururu, como é lindo sem quantia
Cantando eu dou ensino, foi nas Pousada do Divino
que começou a canturia.
Na beira do Rio Tietê, muitas pousada eles fazia
É muito faci esclarecê, aquele que não sabia
Essa velha tradição, ela dá muita alegria
Prá todos fica sabendo, faz duzentos anos mais ou meno,
que existe esta canturia.
Augusto Belo
O Violeiro - 18939
óleo sobre tela - 141 x 172 cm
Pinacoteca do Estado de São Paulo
acesso 26/10/2011Senhora violaJoão Guidugli Neto
Nas galés portuguesas,
os incultos ibéricos
trouxeram a nortenha
que os jesuítas preservaram.
Não combateram os índios,
ao contrário, com as índias se amaziaram.
E dessa miscigenação cabocla
nasceram o caipora, o caipira
e a senhora viola.
Nesta paulistania caipira
de morenas, negras, cabelos lisos,
olhos puxados, é cintura fina,
que chora e consola,
com turina e bordão, em dez cordas.
Chora o índio morto,
o tropeiro sem rastro,
o xavante mesclado,
o caipira abandonado,
no coração do violeiro.
No catira caipira,
da viola da moda,
chora, senhora viola.
Capelinha da Norata
Nha Norata
Causo contado pela bisneta de Dona Norata Ruth e a tataraneta Núbia .
Dona Honorata Rodrigues de Camargo benzia de quebrante, e para fazer o tratamento, as pessoas permaneciam dias em sua casa. Vinham do sítio, deixavam seus cavalos ou charretes em baixo das árvores do quintal, e lá ficavam até completar o tratamento, que durava uns três dias.
Dona Honorata era filha de escrava com sinhô branco. Ela faleceu com 126 anos.
Um escravo da fazenda onde ela vivera, conhecendo sua devoção, presenteou-a com uma imagem de São Benedito, feita à mão, em madeira. Nessa época ela já morava em Conchas na casa da esquina da Rua Pernambuco com a Rua Rio de Janeiro.
Miro Alves presenciou e conta a história da panelinha da Nhá Norata, como era conhecida, e até dedicou-lhe uma música.
Na sua panelinha de ferro nunca faltava comida. E todos que chegavam ela oferecia refeição.
Em agradecimento seus amigos traziam víveres como arroz, abóbora, feijão, o que tivessem em suas plantações.
No início era num pequeno e mal iluminado quarto, ligado à cozinha, e cuja porta era isolada com um pano, à guisa de cortina, onde guardava o Santo de madeira feito pelo escravo Mathias, e era lá que ela benzia e já havia alcançado muitas graças.
Por meio de doações de seus amigos e devotos de São Benedito, ela conseguiu erigir uma pequena capela no meio de seu quintal. Essa capela era de taipa e o piso de ladrilho hidráulico. Foi demolida por um bisneto na preocupação em dividir em lotes o terreno e facilitar para a venda do terreno após o falecimento de sua neta Terezinha, há uns dez anos atrás, e reconstruindo ao lado do terreno, pegado à construção vizinha.
Como São Benedito é comemorado todo dia treze de maio, que é o Dia da Libertação dos Escravos, ela passou a servir um café da manhã, pois na alvorada do dia, a Banda Lira Antoniana vinha acordá-la tocando em sua janela.
A tradição começou com um café da manhã, ao longo do tempo passou a servir o almoço, e a partir de 1978 , o almoço passou a ser servido por seus descendentes. Após o falecimento de Nhá Norata, a responsabilidade passou para sua filha Maria das Dores de Camargo, depois sua neta Therezinha Nunes Martins, depois Benedita Nunes, e agora por sua bisneta Ruthe Maria Mariano e sua tataraneta Núbia Galvani Burgareli de Almeida, as quais vêm fazendo a manutenção da capelinha e seguindo a tradição do almoço servido no dia 13 de Maio. Para tanto, elas recolhem donativos e prendas dos devotos como é feito nas festas religiosas da cidade e na tradicional Festa do Divino Espírito Santo.
Hoje a casa e o terreno pertencem à _________________________, pois foi vendida após o inventário.
A capelinha foi reconstruída em alvenaria, porém respeitando todas as proporções e características da antiga. A porta e janelas são originais, bem como a armação da cruz que encima o telhado de duas águas, e o sino que no momento se encontra guardado. As paredes continuam sendo caiadas de branco com detalhes em azul claro.
Os descendentes de Nhá Norata, bem como os cidadãos de Conchas, representados pela Oficina Cultural Joanino Maimone, na preocupação em manter a integridade do patrimônio conchense, em virtude de não ter a posse do terreno onde foi construída a capela, vêm por meio desta requisitar o estudo para tombamento da capela, estudo sobre a autenticidade do Santo em madeira, embora tenham sido acrescentados em restauro posterior a cabeça e mãos em argila, e estudo e avaliação sobre o possível Tombamento do Patrimônio Imaterial que é o Almoço de São Benedito de Nhá Honorata.
Nhá Honorata é citada no livro Em Busca de Raízes, escrito por Nelsom Malheiro e Daniel Crepaldi, editado pela Ottoni editora, de Itu em 2008.
VMSC
02/07/2010
A capelinha da Norata, na Rua Pernambuco, nos dias de hoje permanece constantemente aberta para visitas.
"A Banda de Música local teve seu primeiro uniforme, doado por Nhá Norata. Ela fazia leilões com o que ganhava do povo. Assim conseguiu fazer muitas coisas, inclusive erguer uma Capelinha de São Benediito, existente até hoje em seu terreno, que hoje pertence a uma neta e de sua filha Maria das Dores de Camargo, continua a olhar por São Benedito. Antigamente, quando ainda vivia, todos os dias treze de maio, a Banda de música fazia alvorada em sua porta e Nhá Norata os servia logo após com bolinho caipira com café. Ajudava muita gente, sua casa era um hotel. Muita gente lá se hospedava, doentes em tratamento, crianças que moravam em sua casa para estudar, etc."
Daniel Crepaldi
Cida Preta
Dia de Alvorada! Lá vinha Cida Preta com canecão e coadô na mão prá ajudar a servir o café prá Lira Antoniana...
nossa querida Cida, no quintal de Dona Felícia e Seu Antoninho Felício
foto: Sônia Maria Felício
Há alguns anos, o jornalista Daniel Crepaldi escreveu um texto que foi enviado para o CONDEPHAAT, requisitando fosse estudado o Tombamento da Capelinha de São Benedito construída pela Norata.
Em 2010 fomos procurados pela Ruth e a Núbia, descendentes de Dona Norata, para que tentássemos obter informações sobre o pedido de Tombamento, mas infelizmente foi considerado indeferido por não configurar como de interesse a nivel de Estado, devido às descaracterizações ocorridas perante a mudança de local. Fomos orientados, então, a tentar constituir um Conselho de Defesa de Patrimônio Histórico, assim poderíamos efetuar o tombamento a nivel Municipal.
Desde então temos desenvolvido vários eventos e estudos no intuito de estimular o interesse da Prefeitura e Câmara Municipal de Conchas, na formação de seu próprio Conselho Municipal de Preservação. As palavras do historiador João Carlos Figueiroa, Ouvidor da Prefeitura de Botucatu nortearam nossa busca, pois devido à experiência em decorrência da formação do Conselho naquela cidade, nos orientou para a formação de um conselho simples, aos moldes do que nossa pequena cidade necessita, suficiente para a proteção do Patrimônio Histórico, Arquivístico, Cultural e Arquitetônico da cidade de Conchas.
Seguindo a sugestão da Toty
vamos conhecer Antonio Cândido
Virgínia,cumprimentos a todos pelo sucesso do Simpósio.O levantamento das construções da área rural era necessário,fez-me voltar ao Antonio Cândido e a maneira de viver simples e rústica do caipira ,quase sempre marginalizado.A partir daí tentar levantar os hábitos e costumes dos moradores seria gratificante.Vou enviar a receita esperada da coxinha.Das comidas tradicionais e antigas da região lembro do buré e do cuscuz.Contava meu pai que a mãe fazia usando bagre e em cuscuzeiro de barro que cheguei a ver alguns.A farinha e o peixe eram os ingredientes que os tropeiros e bandeirantes tinham a mão.Meu avô adorava comer tatu ,minha mãe fazia para ele quando ganhava a caça.Meu pai detestava e dizia á ela :Nina,jogue a panela ....rs.A mesma coisa com passarinhos que chegavam limpos trazidos pelo SR Agenor que não lembro o sobrenome.Dulce Amaro o presenteava com um virado de frango ,simplesmente delicioso.Ainda na cidade ,grande a influência dos imigrantes principalmente os libaneses e italianos na culinária.As massas e molhos ,os quibes,charutinhos,nossa que infância rica e feliz eu tive.Estou maravilhada com a foto da família Sr Cantidiano.
ResponderExcluirPois é... por enquanto do bolinho foguinho, só cheguei na fase do cuscus,rsrsrs. Ainda bem que ficou gostoso! o jeito é continuar tentando...
ResponderExcluirMinha avó mandava pombas limpas para a tia Aninha Fescina Del Bem, e até hoje na área rural a carne de tatu resolve a "mistura" da mesa dos sitiantes... em relação às gostosuras relegadas às famílias de imigrantes, quanta referência trazemos em nossa culinária caseira! Virgínia Martins de S. Caram
Oi Virgínia gostei muito dos acréscimos.Passei a vida vendo esse tipo de construçao e é importante transmitir esses conhecimentos.Só me dei conta deles quando participei do IEV (Instituto Histórico do Vale do Paraiba)Devia ter prestado mais atenção quando aí morei.O sítio histórico de São Roque tb é um caso a parte.A casa tipicamente bandeirantista.Com orgulho descendo desses Barros e dos Morais de São Roque.A mãe do barão de Piratininga era tia do meu bisavô.Foram seus padrinhos de batismo.O doc está no Conchamemórias.Parabéns,o blog está bastante informativo.
ResponderExcluirVirgínia e todos que participam desse blog: parabéns!!! Gostei muito do novo layout, mais limpo e melhor organizado.
ResponderExcluirAgradeço a Thaís Felício que nos auxiliou na nova configuração do blog!Ela passará a postar matérias de forma a torná-lo mais interativo!
ResponderExcluirMuito obrigada Reinaldo, já visitei o blog conchas-acidaderevelada.blogspot.com e a postagem sobre a Pça. Tiradentes está um encanto: Uma delícia para aqueles que vivenciaram e para os mais jovens uma oportunidade de conhecer os hábitos dos pais e avós!
Virgínia ,gostei muito do vídeo do Antonio Cândido,Impossível conhecer e entender o caipira sem ler a sua obra Os Parceiros do Rio Bonito.Falo dele e do Sebastião Roque no Conchasmemórias.
ResponderExcluirAdorei esse estudo , Admito Antonio Candido ..Parabens ..
ResponderExcluirAdorei esse estudo , Admito Antonio Candido ..Parabens ..
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